A Receita Federal multou empresários ligados a Jair Bolsonaro por supostas manobras tributárias.
Entre as irregularidades apontadas está a simulação de operações de compra e venda de aeronaves.
A Receita vê também uso de documentos falsificados para recolher contribuições previdenciárias.
Levantamento feito pela Folha de S. Paulo mostra que oito empresários ligados ao governo devem cerca de R$ 650 milhões.
São valores cobrados pela Receita, contestados no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).
Esta é a última instância de questionamentos no Executivo.
Há também registros na PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional). Após decisões judiciais, o órgão cobra pendências transitadas em julgado e registradas na dívida ativa da União.
Segundo empresários consultados pela Folha, na gestão Bolsonaro o Carf se tornou mais amigável.
Agora, o governo deixou de ter voto de desempate nas autuações superiores a R$ 5 milhões.
Antes havia a queixa de que o fisco mantinha a punição graças ao voto de minerva do então representante do Ministério da Fazenda em caso de empate no Carf.
O contribuinte, nesse caso, saía prejudicado.
Dentre os bolsonaristas, Luciano Hang, dono das Lojas Havan, é o recordista em infrações e contestações no Carf, segundo os técnicos.
Na Receita, a Havan deve ao menos R$ 57,9 milhões.
Há ainda R$ 13,2 milhões em cobrança pela PGFN e mais R$ 123 milhões parcelados pelo último Refis (programa de repactuação de dívidas tributárias).
A Havan já foi multada por ora esconder receitas, ora despesas na contabilidade como forma de gerar resultados menores de tributos a pagar.
No caso considerado mais grave, Hang teria sonegado valores devidos em contribuição previdenciária de funcionários se valendo de documento que, segundo ele, comprovaria a existência de créditos a serem compensados.